Dr. Olber Moreira de Faria; Clínico Geral e Pneumologista; Médico responsável pelo CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) do Hospital Manoel Gonçalves de Sousa

Hospital: O que é o Coronavírus?

Dr. Olber: É um vírus já antigo no mundo, que acomete muito as vias respiratórias, descoberto na década de 60 é responsável por gripes frequentes sendo provável que muitos de nós tenhamos tido gripe causado por um vírus corona.

Em 2002 provocou uma epidemia denominada de SARS (Sindrome Aguda Respiratória Grave), com uma taxa de mortalidade relativamente alta, em torno de 10% .

Em 2012 houve outra epidemia no oriente médio, também por um coronavírus, com sintomas respiratórios e com uma taxa de mortalidade bem mais alta, em torno de 30%.

E agora em dezembro de 2019 em Wuhan na China surgiram alguns pacientes com sintomas parecidos e com certo nível de mortalidade, sendo comprovado que se tratava de um novo Coronavírus, mutante, chamado de Covid 19, por ter aparecido pela primeira vez no século 19.

Essa também é uma infecção de vias aéreas superiores, mas com uma taxa de mortalidade bem menor do que as outras duas, em torno de 2 a 3%. E como estamos vivendo em um mundo muito globalizado o vírus se espalhou rapidamente.

É uma doença de origem viral que não tem vacina e que está acometendo o ser humano de forma epidêmica.

Hospital: Quais os sintomas?

Dr. Olber: São sintomas de gripe comum: febre, coriza, tosse e dificuldade respiratória.

Cerca de 80% dos casos apresentam sintomas muito leves ou ausentes, a maioria das pessoas não terá nada além de uma gripe discreta.

Uma pequena porcentagem dos casos pode evoluir de forma mais grave, caracterizada por acometimento pulmonar, pneumonia viral com desconforto respiratório, falta de ar, piora do estado clinico, alteração da pressão arterial, evoluindo para um caso grave de insuficiência respiratória. Esses são os casos mais graves que vão precisar de atenção especial sendo encaminhadas para CTI, com uso de ventilação mecânica e suporte intensivo.

Hospital: Como saber diferenciar uma gripe comum do Coronavírus?

Dr. Olber: Temos que observar os pacientes com estes sintomas: febre, coriza, sintomas gripais. Se a pessoa veio de uma área de risco (China, Europa e alguns países da Ásia e Oriente Médio) ou teve contato com alguém que esteve nestas regiões nos últimos 14 dias, é um paciente suspeito que deve ser feita avaliação.

Hospital: Como evitar o contágio?

Dr. Olber: A prevenção é fazer a higienização correta das mãos, evitar aglomerações e usar a etiqueta respiratória quando tossir, utilizando o antebraço ou um lenço. Os pacientes sintomáticos devem usar máscara.

Hospital: Se a pessoa está com sintomas gripais o que ela deve fazer?

Dr. Olber: O indicado é que primeiramente busque o atendimento básico de saúde nos PSFs, UBSs e Postos de Saúde, onde o profissional da saúde irá avaliar e orientar o que deve ser feito. Não é indicado vir diretamente ao Hospital para não tumultuar os atendimentos dos casos mais urgentes e evitar o contágio.

Após investigação, se for um caso suspeito e o paciente apresentar sintomas leves, será feito o isolamento domiciliar, seguido de exames laboratoriais para confirmação. Sendo que qualquer piora no quadro clinico o médico deverá ser comunicado.

Caso sejam sintomas mais graves, o paciente será encaminhado para atendimento e isolamento hospitalar, onde serão feitos exames para comprovação da doença e realizado o tratamento dos sintomas, pois ainda não existe tratamento para o vírus especificamente.

Hospital: De que forma o Hospital se preparou para os casos que possam surgir?

Dr. Olber: O Pronto Socorro já adotou todos protocolos conforme orientação do Ministério da Saúde e Secretaria de Estado de Saúde.

Em casos de isolamento respiratório o Hospital está apto para fazer os procedimentos necessários encaminhando os exames para os locais específicos em Belo Horizonte.

Hospital: Em quais casos é indicado o uso da máscara?

Dr. Olber: A máscara cirúrgica é indicada para o paciente com suspeita ou com caso comprovado da doença e para os acompanhantes.

No caso dos profissionais da saúde também, quando estes forem ficar a menos de dois metros de paciente suspeito ou comprovado, este usará uma máscara específica, a N95.

Hospital: Qual o conselho o senhor daria para a população diante desta doença?

Dr. Olber: Em tempos de muitas fakenews tenha cuidado com os conteúdos que você lê. Não existem curas nem tratamentos milagrosos. É uma gripe comum onde serão tratados somente os sintomas com remédios para dor, febre, coriza. Nos casos mais graves o tratamento será a nível hospitalar.

O mais importante é lavar as mãos, fazer a etiqueta respiratória e, se você estiver gripado, proteja as pessoas que convivem com você usando a máscara.

Dr. Olber Moreira de Faria; Clínico Geral e Pneumologista; Médico responsável pelo CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) do Hospital Manoel Gonçalves de Sousa